Sinopse/Descrição:
Guilherme se apresenta, fala que nasceu em São Paulo em dezembro de 1949, estudou no Colégio de Aplicação da USP e, posteriormente, Cinema na ECA-USP, onde conheceu e se tornou amigo de Rudá de Andrade, seu professor. Trabalhou como produtor de filmes longas, curtas, documentários e comerciais, e também no próprio MIS, na gestão Rudá, como freelancer nos trabalhos de pesquisa no Vale do Ribeira e do Vale do Paraíba, além de montagens de exposições. Conta que sempre teve uma relação afetiva com o museu, mas que deixou de trabalhar nele na gestão de Boris Kossoy.
Após isso, em 1981, foi chamado para trabalhar na identidade visual da Eletropaulo. Ao encontrar uma pilha de negativos fotográficos, que documentavam expansão da antiga Light, a criação dos bondes e da eletrificação de São Paulo, passou a cuidar do patrimônio histórico da companhia. Depois integrou a Superintendência da Comunicação Social, onde criou o Departamento de Patrimônio Histórico e trabalhou com Ricardo Maranhão. Sua indicação para a direção do MIS veio após uma indicação de Bete Mendes, a então secretária de cultura, que havia sido sua colega no período escolar.
Guilherme conta que ao chegar no MIS encontrou um cenário bastante desorganizado, por conta do fechamento do auditório para reformas. Além disso não havia um organograma claro, e o espaço físico era mal dividido com o Paço das Artes. Guilherme descreve esse processo de ordenação interno, incluindo transformar o que chama de “depósito infernal” numa reserva técnica.
Narra que sua gestão seguiu um pouco a linha estabelecida por Rudá de Andrade, de focar em cinema, mas que tinha interesse em realizar atividades que contribuíssem para o crescimento do acervo do museu. Detalha os bastidores da exposição sobre a Vera Cruz, o restauro de álbuns fotográficos e de dezessete filmes, a cenografia e os recursos que possibilitaram esse trabalho. Guilherme fala sobre a questão de patrocínio cultural, que é uma questão delicada e, pode descaracterizar o museu.
Sobre política de acervo, afirma que é necessário ser sério, realizar trabalhos que nascessem das necessidades da casa e valorizar o próprio acervo, realizando exposições breves. Diz que sentiu falta de uma participação mais ativa do conselho do museu, como era nos primórdios, mas suas tentativas de revitalizá-lo não foram bem sucedidas. Menciona o ciclo sobre Luis Sérgio Person e o Festival Vídeo Brasil.
Guilherme e Ricardo Machado falam sobre as parecerias do museu com centros culturais estrangeiros e da dificuldade em criar vínculos com universidades, assim como do trabalho de documentação e inventário, do processo de informatização e da necessidade de uma postura mais museológica.
Fala sobre os problemas encontrados: técnicos, de equipamentos faltantes ou em más condições; burocráticos, da dificuldade do processo para abrir um bar nas dependências do MIS; de desentendimentos políticos. Menciona seus auxiliares diretos nos diferentes setores do museu.
Ricardo cita o projeto “História Oral”. Guilherme diz que o projeto estava diminuído e retomou as atividades, mas nada do que se assemelhasse ao que era antes.Volta a mencionar o conselho. Rudá de Andrade complementa a resposta, dizendo que a existência de um conselho era uma forma de dar independência política aos museus.
Guilherme afirma que a continuidade das políticas de um museu não deve ser influenciada pela rotatividade de diretores, que eles precisam se adaptar ao museu e não o contrário; Ricardo menciona as diferenças entre os modelos de gestão da Itália e dos Estados Unidos. Rudá complementa, falando que as mudanças, se drásticas, podem ser muito danosas por alterarem o andamento dos trabalhos do museu. Ricardo concorda, dizendo que em algumas mudanças de governo trocam não só o diretor como também os funcionários.
Ao ser perguntado sobre sua saída do MIS, Guilherme conta dos seus planos para uma exposição sobre o rádio, com cenografia de Lina Bardi, que gerou problemas internos e com a secretária de cultura, Bete Mendes. Após uma reunião na secretaria foi exonerado, e a exposição sobre o rádio não aconteceu.
Guilherme qualifica sua passagem pelo museu como uma experiência muito fantástica em termos pessoais e profissionais. Finaliza dizendo que o futuro do museu, atrelado ao da nação, é uma incógnita, e agradecendo a presença de Ricardo e Rudá.